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Cooperar, cooperar e cooperar: diretora de trânsito da Espanha defende integração para salvar vidas

18.07.2012 - 16:00
  • Foto: Fabio Nassif

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Articulação e cooperação entre instituições e governos locais. Num país com as peculiaridades da Espanha, esta foi a forma encontrada pela Direção Geral de Trânsito (DGT) para reduzir os índices de acidentalidade. Mas apesar de apresentar bons resultados, o país segue perseguindo a meta de reduzir a zero o índice de lesões decorrentes de trânsito. A declaração foi feita na tarde desta quarta-feira (18) em conferência no Congresso Internacional de Trânsito promovido pelo Detran/RS, em Porto Alegre.

“Cooperamos, cooperamos e, quando estivermos cansados, cooperamos. Com quem? Com todos os que de uma maneira, ou outra, têm competência nessa matéria”, resumiu a médica espanhola María Seguí Gómez, diretora-geral da DGT. Ela apresentou os resultados obtidos pela Espanha, que nos últimos anos conseguiu sair de uma posição incômoda no ranking europeu de violência no trânsito.

Em 2003, a Espanha ocupava a 17ª posição no ranking europeu de países com menor mortalidade no trânsito. Em 2009, passou a ocupar a 9ª posição. No período, as medidas adotadas reduziram o índice de 128 mortos por milhão de habitantes para 59 mortos por milhão de habitantes. Os resultados foram obtidos por meio de um plano estratégico de longo prazo, que incluiu a criação de um Observatório de Trânsito, o aumento na fiscalização e no rigor da legislação, mudanças na formação de condutores e incremento no número de guardas nas ruas.

María Seguí destacou as características da Espanha como um potencial obstáculo para o êxito das ações. A DGT tem competência limitada e muitas das iniciativas, como conservação de estradas, sinalização, registro de veículos e habilitação da condutores, são compartilhadas com outras instituições. Além disso, a política de trânsito precisa ser integrada com as 17 comunidades autônomas, 52 províncias e oito mil municípios. “Mas a realidade fragmentada da Espanha não pode ser obstáculo para uma ação integrada e conjunta”, alertou María Seguí, que também mencionou a crise econômica e as deficiências nos sistemas de informação como outros entraves a serem superados.

A diretora da DGT explicou que a estratégia espanhola baseia-se em três eixos: a educação, não só somente aos condutores; a legislação rígida; e a infraestrutura de trânsito. Essa estratégia é colocada em prática a partir da visibilidade e da transparência, do acesso aos dados públicos e do uso das evidências para o embasamento das ações. “A diminuição das cifras tem que ser acompanhada de uma análise do perfil das vítimas”, recomendou María Seguí. Ela destacou também a importância da cooperação entre instituições na Espanha. Campanhas educacionais e de promoção da saúde, ações voltadas às seguranças nas estradas e fiscalização rigorosa são políticas compartilhadas com diferentes ministérios. “Cada um de nós ocupa um pequeno cargo em alguma instituição, e é através da integração e da sinergia que conseguiremos solucionar este grave problema de saúde pública”, afirmou.

Em 2010, a Espanha teve 2.478 mortes e 23.129 lesões hospitalares decorrentes de acidentes de trânsito. Um plano estratégico de segurança viária prevê, até 2020, reduzir o índice de mortos e feridos graves no trânsito, além de reduzir o impacto socioeconômico dos acidentes. Para María Seguí, o compromisso da Década de Ação para a Segurança do Trânsito, de redução em 50% do índice de mortes, ainda é pouco.

Doutora pela Universidade de Harvard, María Seguí ocupou cargos na Associação para o Avanço da Medicina Automotiva e tem trabalhado em questões de política de transportes com o Banco Mundial, DG TREN Europeia e Organização Mundial de Saúde.

Daniel Cassol
de Porto Alegre