Notícias

Especialista relata experiência de redução de mortes nas vias francesas

19.07.2012 - 12:00
  • Joël Valmain e Émilie Vasquez. Foto: Fabio Nassif

  • Foto: Fabio Nassif

  • Foto: Fabio Nassif

  • Foto: Fabio Nassif

  • Foto: Fabio Nassif

  • Foto: Fabio Nassif

  • Foto: Fabio Nassif

  • Foto: Fabio Nassif

  • Foto: Fabio Nassif

  • Foto: Fabio Nassif

  • Foto: Fabio Nassif

Em 40 anos, o número de mortes nas ruas e estradas francesas caiu mais de quatro vezes: de cerca de 18 mil em 1972, para menos de 4 mil atualmente. Isso a despeito do aumento em três vezes da frota daquele país. Esses dados foram apresentados na manhã desta quinta-feira (19) por Joël Valmain, conselheiro técnico para questões internacionais do Delegado Interministerial pela Segurança Viária da França, durante o Congresso Internacional de Trânsito – Ideias que salvam vidas, promovido pelo Detran/RS. O evento marca os 15 anos do Detran gaúcho e integra a Década de Ação pela Segurança do Trânsito, estabelecida pelas Nações Unidas, cujo objetivo é reduzir em 50% o número de vítimas de acidentes de trânsito até 2020.

O ano de 1972 foi marcado pela criação da Delegação Interministerial pela Segurança Viária na França, organismo que tem como objetivo reduzir o número de acidentes e mortes no trânsito. A experiência bem-sucedida nessas quatro décadas, segundo Valmais, foi obtida graças a uma série de medidas, como a obrigação do uso de cinto de segurança e de capacete, a realização de testes de alcoolemia e o controle de velocidade.

Como o nome diz, a Delegação Interministerial é um organismo que envolve a cooperação de diversos ministérios franceses. É presidido por um delegado nomeado pelo primeiro-ministro. Subordinado ao Ministério do Interior, tem a missão de trabalhar em conjunto com outras pastas no tema da segurança viária. “Todos os ministérios são importantes. O da Educação, por exemplo, pode ajudar na conscientização dos jovens. O do Trabalho, na execução de planos de ação em segurança no trânsito nas empresas. O da Saúde, com aspectos técnicos trazidos pelos médicos”, explicou.

As políticas públicas para a área são definidas com base nas informações do Observatório Interministerial de Segurança Viária, que coleta e sistematiza os dados de todos os ministérios sobre o tema. “É preciso conhecer as características de acidentalidade viária, do contrário não é possível tomar decisões. Temos que saber quem dirige, quando dirige, se são jovens ou não etc. Quando analisamos os dados dos acidentes, podemos estabelecer relações com outras políticas, como a de mobilidade”, esclareceu Valmain.

De acordo com ele, 21% das mortes são de jovens de 18 a 24 anos. Uma super-representação, já que essa faixa etária representa apenas 9% da população. Outro grupo bastante vulnerável é o de motociclistas. Ainda segundo o especialista, enquanto as motos são apenas 2,5% da frota total de veículos na França, seus condutores representam 25% das mortes em acidentes de trânsito. Além disso, 30% das ocorrências fatais tem o álcool como fator – desses casos, 92% dos envolvidos são do sexo masculino.

Segundo o especialista, a prioridade é mudar o comportamento dos motoristas. Uma das formas de se fazer isso é por meio do controle e da sanção. Valmain relatou que há dez anos o governo francês implementou um sistema automatizado de radares que possibilita que a multa chegue à casa do infrator dois dias após o flagrante da infração. “Controle e punição devem estar ligados. As pessoas precisam saber por que são punidas. É necessário um trabalho de formação e educação, e a realização de campanhas de comunicação. Se quisermos ter uma politica de segurança eficaz, temos que dar prioridade à mudança de comportamento. É preciso fazer a conscientização, desde a mais tenra idade, de que a segurança viária é importante”, defendeu Valmain, para quem a prevenção deve ser prioridade. Uma das ideias que vem sendo executadas pela Delegação Interministerial pela Segurança Viária é a disponibilização obrigatória de bafômetros nos estabelecimentos noturnos, como bares e discotecas, com equipamentos fornecidos pelos próprios proprietários das casas noturnas.

Após a exposição de Valmain, foi a vez da palestra de Émilie Vasquez, do setor de Negócios Internacionais do Civipol, conselho pertencente ao Ministério do Interior da França dedicado à exportação do conhecimento francês nas áreas de polícia, fiscalização e segurança civil. Ela explicou como funciona a transmissão da experiência do país em matéria de segurança viária e policiamento a outras nações de diversos continentes. Ela destacou um trabalho de modernização da polícia de trânsito em Beirute, no Líbano.

Antes da conferência, o Detran/RS e o governo francês assinaram um memorando de cooperação que garantirá a troca de informações e projetos voltados à segurança viária.

Ivan Trindade
de Porto Alegre